“A advocacia construída coletivamente” foi tema do debate promovido pela OAB Paraná para comemorar o Dia Internacional da Mulher, nesta terça-feira (8/3). Organizado pela Comissão das Mulheres Advogadas, o evento reuniu na mesa de abertura advogadas que compõem as diretorias da seccional e da Caixa de Assistência dos Advogados, seguido pelo debate sobre o papel da advocacia na erradicação da desigualdade de gênero.
Participaram da abertura a presidente Marilena Winter, a secretária-geral adjunta Roberta Santiago Sarmento, a diretora de Prerrogativas Marion Bach, a diretora suplente da CAA-PR Caroline Cavet, a presidente da Comissão das Mulheres Advogadas, Emma Roberta Palú Bueno, e o secretário-geral da OAB Paraná, Henrique Gaede.
Marilena Winter lembrou que este foi o primeiro evento presencial das comissões e o primeiro que ela conduziu como presidente da OAB Paraná. “É um evento que muito me orgulha, pois se trata de uma oportunidade de debatermos temas relevantíssimos sobre os direitos das mulheres. Mas já estamos nesse debate a partir de um novo lugar. Isso é muito simbólico, é histórico”, disse a presidente.
Reflexões
Os participantes puderam expor suas ideias sobre o tema a partir de questões formuladas pela Comissão da Mulher Advogada. A diretora da Jovem Advocacia, Fernanda Valério, foi a mediadora do debate. Confira algumas reflexões dos participantes:
“Ouvimos falar muito em julgamentos com perspectiva de gênero. Ampliando um pouco esse debate, se constata que não é apenas uma questão de julgar a partir das lentes e do universo feminino, mas adotar essa perspectiva para todas as decisões – nas decisões administrativas, na legislação, nas políticas públicas. Existem circunstâncias em que a situação da mulher precisa ser compreendida de forma a albergar todas as suas singularidades. E a advocacia deve começar a apresentar essa visão para provocar os julgamentos e as decisões a partir da perspectiva de gênero.” Marilena Winter, presidente da OAB Paraná
“Quando se tem uma mulher na presidência, tem-se o olhar atento para todas as causas femininas. Vejam a diferença que isso faz na OAB. Temos que levar essa igualdade também para a esfera política, para os partidos políticos e para a carreira pública, porque se não colocarmos as mulheres para discutir lei, em postos nas câmaras dos vereadores, nas câmaras dos deputados, no senado, não vão entender o porquê da importância da mulher na sociedade.” Ana Cláudia Pirajá Bandeira, conselheira federal da OAB
“Tivemos conquistas significativas, mas a Lei Júlia Matos tem que ser vista como um pontapé inicial. Temos que avançar e cobrar posições mais coercitivas pelo cumprimento da lei, pois não têm sido raras as violações de prerrogativas das advogadas gestantes.” Marília Pedroso Xavier, coordenadora geral da ESA
“Com o avanço da força feminina nas faculdades, as mulheres conquistaram a advocacia. No interior, o papel da OAB e dos advogados é de mostrar que elas têm essa oportunidade de ocupar cargos de liderança e de gestão. Muitas vezes ficam numa posição secundária, quando na verdade estão conduzindo o processo e fazendo toda a estratégia jurídica, o que deve ser valorizado. Todos querem saber o que será da OAB com uma mulher presidente. Hoje já posso dizer que estamos vendo uma revolução.” Emerson Fukushima, conselheiro estadual da OAB
“A pauta feminina não se resume à questão fisiológica, vai além disso. Temos que pensar nas pessoas cis e trans, que se identificam como mulheres. Acredito que a igualdade de gênero vai ser implantada no sistema de justiça como um todo e a OAB Paraná, dentro da sua política de Ordem, está quebrando paradigmas.” Anderson Rodrigues Ferreira, conselheiro estadual e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos
Ao final do debate, a Comissão das Mulheres Advogadas prestou uma homenagem a Marilena Winter, a primeira mulher eleita para o cargo de presidente na história da OAB Paraná. “Nós efetivamente construímos a advocacia coletivamente. Sabemos que o 8 de março é um dia de luta, de discussão, de garantia de direitos, mas aqui é também um dia de festa. Hoje, na OAB, nós mulheres podemos sonhar ser o que quisermos. Vivemos um marco na história da advocacia paranaense. Somos muitas e estamos juntas. E isso vai nos levar cada vez mais longe”, declarou a presidente da comissão, Emma Palú Bueno.
Fonte: OAB-PR
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